domingo, outubro 22, 2006

Veneza (livro e algo pessoal)




Do galardoado pelo Nobel, Joseph Brodsky, li este Marca de Água. São 90 páginas dedicadas a Veneza. Este pequeníssimo livro é uma ode à cidade italiana. É a vivência do autor na cidade, com os seus recantos e habitantes.








Da cidade, Brodsky diz o seguinte: “…esta cidade não se presta a ser um museu, sendo ela própria uma obra de arte, a maior obra-prima que a nossa espécie criou. Não se renova um quadro, e menos ainda uma estátua. Há que deixá-los em paz, guardá-los dos vândalos – de cujas hordas talvez nós próprios façamos parte.”






Fazendo parte da horda que já andou pela cidade, EU acho que Veneza é como uma mulher, aquela mulher que fica na cabeça e não se esquece. É bonita, envolvente e num momento, 2/3 segundos apenas, agarra-nos pelos….colarinhos levanta-nos ao ar e depois puxa-nos para baixo e ficamos ali esmagados, siderados, embasbacados em puro deleite perante Aquele momento de pura beleza. Pode acontecer à entrada da praça de São Marcos, numa pequena praça com Oliveiras ou até numa loja minúscula de máscaras. Pode acontecer em qualquer lado…com a certeza que vai acontecer. Comigo foi o reflexo da fachada, banhada pelo sol, da pequena igreja de San Simeone Piccolo nas águas do grande canal. Naqueles segundos, percebi, sem sombra de dúvida, que aquele era o instante, aquela era a imagem de Veneza que ia recordar para o resto da minha vida. Depois viria Rialto, a Basílica de São Marcos, etc…todas aquelas imagens colectivas que toda a gente tem. Ali Veneza apanhou-me e só pude reconhecer-lhe o encanto. Depois…as águas agitaram-se e a imagem, aquele instante foi-se. Puff… Como uma mulher, Veneza é caprichosa só mostra o que quer, quando quer, enquanto quiser.

Ps – O uso não autorizado das fotos fora deste blog não é permitido…

Ps1 – Obviamente estava a gozar no ps anterior….