Orhan Pamuk
Não me surpreende. Não tendo acesso à totalidade da obra, guio-me pelo magistral O Jardim da Memória. Neste livro, num livro apenas, a forma como ele confronta na pessoa da velha Istambul e de Galip a melancolia, o misticismo e a identidade dos nossos passados (neste caso de uma Istambul cheia, carregada, de história e de um Galip impregnado de cultura islâmica e, por que não dizê-lo, turca) com a realidade e os novos tempos é fabulosa. É o confronto das orações à hora marcada transmitidas pelos minaretes Vs. os cinemas de filmes ocidentais, a burka Vs. a mini-saia, a Istambul Vs. a Europa que chega. E onde, no meio destes conflitos, se situa a identidade de quem vê o tempo mudar.
É muito bom. Realmente, não me surpreende. E apenas li um livro.