Objectivo: fazer exame oftalmológico marcado para às 8.30m; Local: Lisboa, instalações do Serviço nacional de saúde
Dez para as seis: toca a acordar, espera-se fila na entrada em Lisboa. Despachar no banho, despachar na vestimenta e sair: a calçada de Carriche tende a não perdoar…pois, desta vez perdoou. Sem fila até ao destino. Resultado…
Dez para as oito: Em pé, há chuva, com cinquenta pessoas à frente para entrar no edifício. Isto começa mal….
Oito horas: em fila indiana e muito devagarinho lá se entra. “Desculpe, em que andar se faz este exame? No quinto.”… Obviamente, depois de cinco minutos sentado e de ter tirado uma senha, vim a saber que era no sexto. Isto continua a correr bem…
Oito horas e quinze minutos: chegam as senhoras que nos retiram a senha e apontam os nossos nomes. Atende 4 (4!!!!) pessoas em quinze minutos. Faltam 15 para chegar a minha vez (aquele cabrão com o quinto andar….).
FALTA A LUZ!!!! Claro, faltou a luz. Não se faz nada enquanto a luz não voltar. Entretanto uma senhora começa a guinchar ao telemóvel e a ofender as colegas de trabalho porque eles não estavam a fazer o suficiente para levar os miúdos de uma escola ao Palácio de Queluz. No fim, os rapazes lá foram a Queluz, mas a senhora tem uma boca muuuuuuuito suja. Entretanto a sala vai-se apinhando de gente, as janelas já estão embaciadas, não há entrada de ar, mas…não se faz nada enquanto não vier a luz. Ok….
Dez para as dez: Volta a luz, sou atendido, dou a minha senha e uma Strunff resmungona encaminha-me para o corredor onde tenho de esperar pelo exame. Espero…. Com menos companhia, mas com melhor companhia.
Dez e quinze: nada a assinalar
Dez e meia: começa a conversa entre as minhas distintas colegas de espera. “Eu sou de tão longe, sou da terra da floribela e ainda aqui estou. – Ai, a senhora é de longe, olhe que eu também sou. – Ai é de longe, de onde é? – (respondo eu) é de longe!!! (fico rodeado de má caras) – (respirando fundo depois do meu comentário lá responde a outra colega de espera) Sou de Torres Vedras e tenho muitos animais”…Ora, vamos pensar nesta resposta: “de onde é? – sou de Torres Vedras e tenho muitos animais.”..ok, parece-me bem. FALTA A LUZ (passado um minuto volta, passado um minuto desaparece, passado um minuto volta)
Dez e trinta e pouco: “isto vai demorar porque a doutora está em cirurgia” – diz uma enfermeira. Responde uma das minhas amigas:”não teve um acidente, não? É que uma vez tive aqui tanto tempo porque o doutor teve um acidente e o meu marido já pensava que me tinha dado uma coisa ou sentido mal. – Não, a doutora está só em cirurgia e enquanto a luz não estiver estabilizada, não pode haver exame.” Ok…penso eu, e não contente com o ok digo “as boas noticias acumulam-se” – mais uma vez, olhares interrogatórios e ameaçadores, e um olhar muito estúpido (que eu presumi ser olhar de: não percebi).
Onze horas: Gotas para os olhos….gotas fortes, que impossibilitam o condução. À….ok, e só dizem agora, não é? Na altura da marcação era má altura, correcto? E para melhorar…temos de ficar com os olhos fechados. “Durante quanto tempo? - Até à doutora chegar. Quando é que a doutora chega? – quando terminar a operação. Que é quando? – é quando a doutora chegar aqui”….Sempre gostei de argumentação em círculo.
Meio dia e trinta minutos: a doutora. Que bom, abrir os olhos, mesmo que não se veja muito bem. O exame dura 5 minutos.
Meio dia e quarenta: estou despachado!!!!! Ufa, ainda bem que foi rápido….
Uma hora da tarde: efeito das gotas: todos os carros estão com cenas azuis nas rodas e as camionetas da barraqueiro são de um azul fortíssimo que aparenta ter relevo. Que bela sensação é ter ilusões visuais.
Que bom. Acho que correu bem. E foi dentro da hora prevista.
Há 11 horas