A escolha de melhor livro, editado na década passada, que li é complicada e muito difícil (especialmente quando a maior parte dos livros que leio são de autores mortos!!). Mas a escolha recaiu em
À Espera, de
Ha Jin. É excelente. Excelente. É uma história do amor e …a banalidade fica por aí. Retrata a história de Lin Kong, Manna Wu e… da mulher de Lin Kong. É mágico na forma, contida, como descreve a honra, o amor e o dever. É um livro que apenas aparentemente é simples. É subtil, certeiro e complexo. Parece um livro de faz de conta: faz de conta que é leve, faz de conta que é um romance, faz de conta que é uma declaração politica, faz de conta que é só aquilo que está escrito. É uma obra-prima.
Não consigo fazer um pódio. Há uma série de livros escritos esta década que valem a pena mencionar por serem magníficos: vou começar pelo mais recente que li,
Bestas de Lugar Nenhum, o impressionante livro de estreia de
Uzodinma Iweala, depois não posso deixar de referir os seguintes:
Travessuras da Menina Má, o mais recente de
Llosa, a
Boda do Poeta, do chileno
Skarmeta,
Fantasma de Anil, de
Ondaatje,
O Mar, de
Banville,
Sábado, de
Ian McEwan,
O Assassino Cego, o difícil mas excelente livro de
Atwood,
O Interprete de Enfermidades, a excelente primeira obra de
Jhumpa Lahiri,
Shalimar o Palhaço, do brilhantebrilhantebrilhante
Salman Rushdie,
Middlesex, de
Eugenides,
A Estrada, livro espantoso, espantoso!, de
Cormac McCarthy,
O Mesmo Mar, o belissimo livro de
Amos Oz, e a
Mancha Humana, o ultimo grande livro de
Philip Roth. Estes foram dos melhores que li, daqueles que ficam na cabeça e prometem perdurar por tempos e tempos. Deve haver outros, de certeza que me estou a esquecer de livros incriveis mas, como disse no primeiro dos resumos, quando me lembrar vou acrescentando.
Contudo há que dizer que esta década foi, também, a década que me apaixonei pelas obras de autores não russos. Dostoievski, Tolstoi, Tchekov e Gogol já me tinham conquistado, mas esta foi a década em que descobri, aprofundei e enamorei-me pelas obras de Don DeLillo, J.M.Coetzee, Robert Wilson (Javier Falcon é um guilty pleasure!!!), Phillip Roth, Mário Vargas Llosa (o sargento Lituma é espectacular), John Updike (a saga Coelho e não só), Salman Rushdie (Filhos da Meia-Noite colou-se a Crime e Castigo como livro de uma vida), Pamuk e Flannery O’Connor. Apetece-me dizer também que começo a ter vontade de ler mais e mais de Buzzati, McCarthy, Murakami, Le Clezio, Oz e Ondaatje.