The National, Boxer, Fake Empire
The National, Boxer, Mistaken for Strangers
Prometo não falar de amor De gostar e sentir Portanto não vou rimar Com dor ou mentir (Rui Reininho)
Mia Couto demonstra-o em todos os livros dele. Desde a maneira como (re)cria palavras à forma como mete o tempo-espaço nos seus livros. A Varanda do Frangipani não varia do estilo habitual. Uma árvore, África, o branco desajustado das tradições africanas e do ser, idoso, africano. Livros que se lêem muito bem e que são sempre giros, estes os do Mia Couto. #5
de Kiran Desai passa-se na região himalaia da Índia e em Nova Iorque. Na Índia vive um antigo juiz, com a neta, o cozinheiro, uma cadela e uma série de vizinhos simpáticos, em Nova Iorque vive o filho do cozinheiro: Biju. A diferença no estilo de vida do juiz com a da neta e da relação desta com um nepalês a luytar pela independência do Nepal e da de Biju é o livro. A forma como Desai a transmite e nos fala de noções como nacionalidade, modernidade, tradição e a angústia da imigração forçada e de como tal nem sempre resvala para uma vida melhor faz a diferença. Muito bom, apesar de se demorar um bocadinho a entrar. #4
Andrew Dominik faz um grande filme em O assassínio de Jesse James pelo cobarde Robert Ford. Em quase três horas de paisagens deslumbrantes e planos incríveis consegue por Brad Pitt e Casey Affleck a fazerem o melhor papel da carreira. Também por lá anda Mary Louise Parker (sim, a do Weeds), mas aparece muito pouco tempo. Perto do fim temos direito a uma balada de Nick Cave. No fundo é um óptimo western sem a acção dos antigos westerns e isso é digno de nota. Um dos melhores filme que vi nos últimos tempos (aquele inicio, com Pitt no meio da seara… pá, muito bom!!)
Depois do ligeiro fracasso do disco anterior, Howl, Baby 81 devolve-nos os Black Rebel Motorcycle Club em grande. Música boa atrás de música boa, que tem em Windows a Grande faixa do disco. Já era tempo de terem um espaço aqui em Lisboa só para eles: Coliseu, parece-me muito bem. Entretanto, também ouvi Exit Decades, dos Cut City, e gostei. Não adorei, mas ainda os vou ouvir mais algumas vezes. Em baixo, como não há teledisco, fica o registo ao vivo de Windows.
Black Rebel Motorcycle Club, Baby 81, Windows
Rodrigo Guedes de Carvalho faz em Canário o livro com assinatura mais pessoal que já li dele. Finalmente vai-se conseguindo afastar de A. L. Antunes e começa a criar um estilo próprio. Canário fala da vida de um presidiário, de um escritor, da mulher do escritor e da filha do escritor…mas acima da tudo fala das vida e de como é sempre tudo a perder. Bom livro. #3
… escreve muito bem. É um escritor de primeira água. A forma como narra, a maneira como utiliza a repetição a seu proveito, a capacidade de nos prender ao livro e a maneira como exprime a tristeza e a perda são assombrosas. Em Cemitério de Pianos, José Luís Peixoto ficciona a vida de Francisco Lázaro, atleta português que morreu na maratona dos jogos olímpicos de Estocolmo, em plena prova. E fá-lo muito bem, belíssimo livro que nos agarra e não nos deixa ir embora. #2
Série que estreou no Canal 2, há duas semanas atrás. Apenas com uma temporada Seis Degraus parte do principio que cada um de nós está ligado a outra pessoa por um máximo de seis pessoas (é mais ou menos isto). A série é engraçada, pois estamos à espera e a tentar adivinhar como é que cada personagem vai estar ligado à próxima situação, etc. Eu não desgosto, não é nenhuma maravilha, e sempre arruma com a segunda-feira à noite. Além disso, tem Bridget Moynahan e Shiri Appleby (que também participa muito ao de leve em Jogos de Poder) que digamos assim…são umas brasas!!!!
Filme que quase parece uma incrível ficção, mas é uma, irreal e incrível, história verídica. Mike Nichols (o do Closer) filma Tom Hanks, Julia Roberts e Phillip Seymour Hoffman a recriarem a forma como um obscuro senador americano conseguiu arranjar fundos para financiar os afegãos na luta contra a invasão soviética e a forma como depois os deixaram ao abandono (e agora sabemos como isso acabou, não é?). Só a realidade pode ser assim, nenhuma história inventada teria aquele argumento. Filme muito engraçado com magnificas interpretações.
Gus Van Sant filma a tragédia de Columbine. Filma-a sem pudores e, há que o dizer, de forma magistral. A forma como o filme começa retrata um dia normal de escola, só que na realidade não o é. Contudo, a forma como o filme está feito cria um mau estar crescente porque sabemos o que vai acontecer, porque está à frente dos nossos, e dos deles, olhos o que se vai passar e não se consegue fazer nada. Incrível filme sobre uma tragédia. Deixo aqui a cena em que o belo (Fur Elise, de Beethoven) é tocado por um dos “monstros” – é esta constante dualidade que dá cabo de uma pessoa.
Dirty, Sexy, Money é uma série que anda à volta de Nick (Peter Krause, ex-Sete Palmos), advogado de uma das famílias mais ricas de Nova Iorque, os Darlings, que provavelmente assassinaram o seu pai. O episódio piloto foi muito bom: rápido, com música, ritmo, humor, variações sobre as bizarrias de cada elemento da família Darling e certeira, o segundo episódio já baixou um bocadinho. No entanto, não deixa de ser um olhar diferente sobre a vida no topo, os seus podres e a forma de os encobrir, tudo isto de forma ligeiramente light.
Paranoid Park retrata a juventude. A falta de objectivos, o deixar andar porque nada realmente interessa, o preferir andar de Skate do que fazer amor (porque isso implica uma relação e gasto físico), sei lá…Paranoid Park é o retrato fiel do que existe. Gus Van Sant realiza este filme, pequenino, menos de 90m, sem actores conhecidos, em que a vida de um skater adolescente é atravessada (é ver o filme para ver se ficou transformada ou igual) por um incidente. Brilhante.
Uma fila de folhas de ácer vermelho flutua no riacho de uma montanha…e está feita arte. Temporária, é certo…mas arte. Goldsworthy envolve-se com os recursos naturais para demonstrar o efémero e o tenso equilíbrio entre a Natureza e o homem. Devido ao tempo limitado das obras estas acabam por ser registadas em fotografia, como é o caso desta. Muito giro.
A violência que sai da historia, que faz sentido na historia, sem se tornar gratuita, misturada com alguma ternura contada de forma a lembrar os grandes escritores russos: esta é a genialidade de David Cronenberg. Em Promessas Perigosas acompanhamos o rude Nikolai (Viggo Mortensen), que está ligado a uma das mais perigosas e mafiosas famílias de Londres, e Anna (a bela Naomi Watts) uma parteira que se vê envolvida em algo gigantesco. É um belo filme que merece ser visto. Cronenberg raramente falha e desta feita voltou a não o fazer.


